terça-feira, 20 de novembro de 2012

Mulheres negras têm rendimentos menores no mercado de trabalho


20/11/2012

Tema foi debatido em audiência pública na Assembleia Legislativa marcando o Dia da Consciência Negra no Paraná

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O Dia Nacional da Consciência Negra, lembrado em todo o País neste 20 de novembro, foi de muita reflexão no Paraná. A data ficou marcada por uma audiência pública que discutiu as condições da mulher negra no mercado de trabalho. A avaliação é a de que além de oportunidades, é necessário fornecer condições para o desenvolvimento e oportunidades.

Entre os principais problemas apontados durante a audiência está a grande diferença salarial. Se comparada com a renda de um homem branco, em 2009, os rendimentos de uma mulher eram equivalentes a 70%. Os homens negros recebiam 58% e a diferença torna-se ainda maior quando comparados com mulheres negras, cujos salários representavam 40% do que um homem branco recebe pela mesma função.

“O que buscamos, a nossa luta do dia-a-dia na CUT é a luta pela igualdade, sobretudo de remuneração”, assegurou a presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, durante a abertura da audiência pública. Para o coordenador da Agência do Trabalhador no Paraná, José Marino, esta situação é vergonha para um país como o Brasil. De acordo com ele, as diferenças não param no salário. Nos dados do Sistema Nacional do Emprego (Sine) as vagas ofertadas com requisitos específicos colocam 44,7% de vagas para homens, 11,1% para mulheres e 44,3% o sexo é indiferente, o que reduz ainda mais as condições de igualdade da mulher negra no mercado de trabalho. “Todo mundo conhece o racismo no outro, mas não o racismo que está em si”, argumentou.

A representante do Dieese na audiência, Lenina Formaggi da Silva, apresentou estatísticas relacionadas aos estudos feitos pelo órgão. De acordo com ela hoje há 1,2 milhão de mulheres negras no Paraná e nos últimos dados computados, em 2010, apesar da taxa de desemprego estar caindo, a diferença mantém-se de acordo com o gênero e a raça. Cerca de 3% dos homens brancos estavam desempregados neste período enquanto 9% das mulheres negras encontravam-se na mesma condição. “A taxa de crescimento pode ajudar a reduzir estas desigualdades, mas as dificuldades estruturais permanecem”, avaliou.

Outro dado levantado pelo Dieese mostra que na capital das 20 maiores ocupações, que concentram 50% dos postos de trabalho, as mulheres negras ocupam 70%. “Isso demonstra que quase não sobra ocupação fora destas 20 principais ocupações”, completa Lelina. Já a representante da Rede de Mulheres Negras do Paraná, Michely da Silva, alertou para que nem sempre os estudos podem reverter esta situação. “Apesar de ter

mais tempo de estudos, as mulheres negras permanecem na base da pirâmide”, alertou.
Mobilização ­– Os participantes foram unânimes ao sentenciar a necessidade de uma mobilização constante para reverter o quadro apresentado durante a audiência pública. A secretária de etnia e raça da CUT-PR, Clotilde Vasconcelos, traçou um histórico das lutas da mulher negra no mercado de trabalho e cobrou uma mobilização constante para o tema. “Não podemos perder a oportunidade nestas discussões. O mercado de trabalho no Brasil é excludente”, sentenciou.

O Deputado Tadeu Veneri, que propôs a Audiência Pública organizada pela CUT-PR, ressaltou a importância de fornecer igualdade de condições. “No Paraná, por exemplo, só temos uma única apresentadora de TV negra. Sinal de que alguma coisa precisa ser debatida”, questionou.

A deputada Luciana Rafagnim destacou a dificuldade que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, sobretudo quando são negras. “A discriminação contra a mulher negra é muito maior. Mas são ações como esta que vão diminuir o preconceito. Ainda há que discutir a violência física contra a mulher”, lembrou a deputada. Já o deputado Professor Lemos lembrou que um projeto de lei que colocava o dia 20 de novembro como feriado no Paraná foi rejeitado na Assembleia Legislativa. “Já é assim em cerca de 650 cidades e oito estados”, listou. 

Mais imagens da audiência pública em nosso Flickr

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