terça-feira, 20 de março de 2012

Carta às trabalhadoras e trabalhadores do magistério

Caros amigos, caras amigas,

Nesta semana que passou, nós, trabalhadores e trabalhadoras do magistério, demonstramos nosso valor. Mostramos à sociedade que a luta por uma educação de qualidade não ocorre, apenas, do lado de dentro dos muros das nossas escolas, muito menos a quatro paredes nos gabinetes, sindicatos e palácios. A nossa luta, que é coletiva, está nas ruas, e dela devem participar todos e todas que esperam e trabalham por uma sociedade mais justa e democrática.

Ao exigirmos salários dignos e melhores condições de trabalho, bem como a cumprimento integral da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), observada a reserva de 33% da jornada para a hora-atividade, não estamos pensando apenas em nós. Estamos pensando no todo, na qualidade da educação dispensada aos filhos e filhas dos trabalhadores que exercem o soberano direito à educação pública e gratuita.

Foi isto o que conseguimos mostrar nesses últimos dias: se nas salas de aula somos considerados os melhores professores do país, nas ruas, unidos e com o apoio da população, temos ainda mais legitimidade para exigir respeito do Poder Público e de seus representantes.

Por isso tudo, pela nossa história de lutas, é que tenho orgulho de ser professora, de pertencer à categoria do magistério municipal, de engrossar as fileiras do movimento em prol de uma educação de qualidade, de ser sindicalizada e contribuir não apenas com a mensalidade devida à nossa entidade de classe, mas com minha voz e minha energia nesta construção.

Professores e professoras, profissionais do chão da escola, do carinho e do respeito aos alunos e alunas, vocês estão de parabéns!!! Nós estamos de parabéns!!! Pela nossa capacidade de nos indignar e de nos mobilizar e também pelas conquistas que, em movimento, juntos, temos alcançado.

Precisamos ter em mente que a nossa luta é também a luta dos demais trabalhadores e trabalhadoras. Neste momento em que, cada vez mais, o capital joga as pessoas umas contra as outras, em que os ricos e poderosos querem que o "possuir" prevaleça sobre o "ser", em que o individualismo e o egoísmo se transformam em dogmas, fragilizando nosso sentimento de pertença à humanidade, pisoteando a solidariedade e o respeito, é preciso que despertemos para a consciência de que somos parte do mesmo coletivo - que precisa ser fortalecido e não enfraquecido.

Não basta apenas não nos calar. Precisamos garantir a palavra a todos e todas, para que também sejamos ouvidos e respeitados. Com olhos atentos e ouvidos abertos, precisamos nos manter acessíveis ao contraditório, à dialética que pode reforçar nossas convicções ou nos demover de posicionamentos que, porventura, não sejam os mais corretos.

Quanto a mim, que estou vereadora, mas sou professora (disso eu tenho absoluta certeza), onde estiver, devo continuar defendendo os interesses do magistério, porque sei que eles coincidem com o que necessita toda a sociedade.

É minha tarefa informá-los sobre as matérias que nos dizem respeito que tramitam ou que devem começar a tramitar na Câmara, defendendo e votando de acordo com o interesse dos trabalhadores e trabalhadoras da educação e também de toda a população da nossa cidade.

Professores e professoras, contem sempre comigo.

Devo permanecer nesta defesa de que a nossa atuação precisa estar baseada na solidariedade. Solidariedade entre nós mesmos, entre todos os trabalhadores e trabalhadoras, solidariedade entre os diferentes, solidariedade entre os povos. Afinal de contas, como diria o professor Paulo Freire, "me movo como educadora porque me movo como gente".

Muito obrigada e, mais uma vez, parabéns a todas e todos os profissionais do magistério!!!

Professora Josete.

Curitiba, 19 de março de 2012.

"No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia.
Me movo como educador porque, primeiro, me movo como gente. [...]
Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de repente, aos 25 anos. A gente vai amadurecendo todo dia, ou não. A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade.
(FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 107).

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